25/05/2009

Conhecimentos



Nós, da equipe Jundu, gostaríamos de agradecer a participação do jornalista Eli Carlos Vieira em nosso blog. São estas manifestações que comprovam o resultado positivo do trabalho de grupos que lutam pela conservação e preservação do meio ambiente. Não basta informar, temos de aprender e compreender o tema.

Por isso, abrimos o espaço para os textos do jornalista Vieira. É justamente este um dos ideais da Revista Jundu: colaborar na formação de uma sociedade mais consciente. E quando dizemos sociedade, são todos os grupos: formadores de opinião, leitores, educadores, autoridades...

Este blog não é somente para apontar os problemas e as destruições. Ele serve como ferramenta para as boas ações como a da parceria entre o Núcleo de Jornalismo Ambiental Santos e Região e guias turísticos do grupo Caiçara Expedições. Atitudes que levam os transmissores da informação a entender a complexidade do tema PRESERVAÇÃO E CONSCIÊNCIA AMBIENTAL. O conhecimento 'in loco'! Isso é importante! Ver com os próprios olhos a beleza dos ecossistemas e compreender como eles são essenciais para a nossa sobrevivência. E o Vieira transmiti exatamente isso, a sua vivência entre manguezais e aves exuberantes e como aquele dia conseguiu mexer com seus conceitos sobre o meio ambiente.

É desta forma que nós jornalistas conseguiremos transmitir e decodificar de forma clara e objetiva os termos ligados ao meio ambiente para que os leitores possam entender o tamanho da importância em preservar e o tamanho da gravidade do problema (destruição) que assola o nosso planeta. Parabéns aos criadores do Projeto Visitação, aos participantes e ao jornalista Eli Carlos Vieira.

Carol Binato - membro da equipe Jundu

22/05/2009

Projeto leva jornalistas a conhecerem o mangue

Textos: Eli Carlos Vieira – Jornal Gazeta do Litoral
Fotos: Colaboração/Nara Assunção

Em tempos que muito se fala em preservação ambiental ou em formas de manter espécies ainda vivas para as próximas gerações, é comum também haver falta de informações suficientes ao abordar certos temas com relação à natureza. Um projeto do Núcleo de Jornalismo Ambiental Santos e Região (estância do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo), faz com que profissionais de comunicação da Baixada Santista tenham contato direto com diferentes ecossistemas. O projeto tem parceria com guias turísticos e embarcações do grupo Caiçara Expedições.
Na terça-feira, dia 19, um grupo de jornalistas e estudantes de comunicação participaram do primeiro roteiro do Projeto Visitação. Os visitantes embarcaram em canoas e remaram rumo à área de manguezal existente na região do Mar Pequeno, entre São Vicente e Praia Grande. Em trajeto de cerca de três horas e pouco mais de um quilômetro, esses profissionais presenciaram paisagens que nunca viram antes de tão perto.
O principal objetivo do Núcleo de Jornalismo Ambiental (criado em 2008) é investir em discussões entre jornalistas, a respeito do meio ambiente. “É preciso que haja sensibilização e isso é facilitado com a vivência do jornalista direto na natureza”, ressalta a coordenadora de comunicação do Núcleo, Catharina Apolinário. “Normalmente nas matérias sobre meio ambiente é comum ver as mesmas fontes sendo utilizadas, além de muitos termos técnicos. Pretende-se fomentar novas pautas ambientais. Queremos sair das mesmas matérias que falam sempre sobre agressão e denúncia.”

AÇÕES – Catharina explica que esse tour pelo mangue é apenas uma das ações que podem ser feitas no sentido de tornar a natureza mais próxima. A ideia foi proposta após a realização do 2º Encontro de Jornalismo Ambiental da Costa da Mata Atlântica, no dia 25 de abril. “Vimos que o mangue é pouco explorado. As pessoas costumam muito ir à praia, mas ignoram o mangue, que é essencial para a vida natural e ao estuário”, defende a coordenadora de comunicação.
Após esse passeio, o órgão que é formado por voluntários, planeja a formação de novos encontros, onde os profissionais do jornalismo possam trocar informações e aprender mais. “Queremos montar comissões, trazer técnicos e promover sabatinas ambientais, com muito diálogo sobre diversos aspectos do meio ambiente”, sugere Catharina, que anuncia para breve novas expedições, como por exemplo trilhas ecológicas, com destino a ser definido.
Quem deseja se unir ao grupo e atuar na divulgação de belezas naturais da região, pode entrar em contato com o Núcleo de Jornalismo Ambiental, pelo contato eletrônico: njasantoseregiao@gmail.com .



Três horas de remada, novas visões e descobertas

A proposta é simples. Para que jornalistas conheçam mais sobre o manguezal existente nas redondezas da região em que vivem, foram dados remos e direito a um assento em uma canoa de modelo canadense. Além da integração entre colegas de profissão, as descobertas que viriam à frente seriam reveladoras. O passeio de três horas ao longo do Estuário de São Vicente/Praia Grande foi guiado por instrutores do grupo Caiçara Expedições.
“Realizamos esse trajeto há três anos, voltado a todo tipo de grupo, a partir dos 7 anos de idade. Há trilhas, city tour, trekking e outras modalidades de passeio”, explica o guia turístico e diretor comercial do Caiçara Expedições, Renato Marchesini. Para ele, o grupo só de jornalistas é inédito. “A experiência é válida para todos. No caso desses profissionais, garanto que muita coisa muda após esse olhar e contato tão próximo – daí a proposta deles mesmos remarem e realizarem suas descobertas.”

MANGUEPor falta de conhecimento, muitas pessoas associam o mangue a lixo, a sujeira, sem saber que trata-se de um dos mais ricos ecossistemas vivos que há em ambientes de maré. Costuma-se nomear mangue, as espécies de árvores e arbustos que crescem em terrenos que não estão nem totalmente na terra, nem no mar. Já manguezal seria o termo que identifica apenas o local onde ocorrem essas plantas e o conjunto de seres vivos que nele vive (o ecossistema).
Na região de São Vicente/Praia Grande três espécies de árvores são as predominantes: o mangue-vermelho, mangue-preto e mangue-branco. O mangue-vermelho pode chegar a 15 metros de altura de raízes muito fortes. “Suas sementes são fecundadas ainda na árvore. Quando maduros, se desprendem da árvore-mãe, e se fixam assim que caem na água”, diz Marchesini.
Entre os animais, há invertebrados como caranguejos e siris, vermes, crustáceos, moluscos e até camarões. Há ainda cerca de 100 espécies de peixes, como tainhas, paratis, badejos e robalos, além de pequenos jacarés de papo amarelo.
Entre as cerca de 210 espécies de aves, estão a garça-azul, garça-branca, socó e o colhereiro. O destaque fica para a beleza do vermelho alaranjado dos guarás-vermelhos, semelhantes à cor dos caranguejos, seu alimento preferido.
Para conhecer opções de roteiros do grupo Caiçara Expedições, o telefone é 3466-6905. O endereço eletrônico é: contato@caicaraexpedicoes.com .


Comunicadores que viram de perto, têm a missão de repassar o aprendizado

O pensamento dos jornalistas, ao vestirem o colete de segurança, é de curiosidade. Tudo novo: remar em duplas ou trios em uma canoa, enfrentar a grandeza do Mar Pequeno e se deparar com espécies de fauna e flora nunca antes vistos tão de perto. O desafio começa na tentativa de se equilibrar, ao embarcar na canoa e depois manter a direção correta durante todo o trajeto.
Passado o medo de virar e cair na água, os visitantes eram só surpresa. Diversas perguntas eram feitas de barco para barco. Alguns anotam, outros com máquinas fotográficas, lutavam para não deixar nada escapar. “É impressionante como essa natureza está tão perto de nós. Sempre imaginamos como seja, mas nunca conhecemos de fato”, reconhece o estudante de jornalismo, Paulo Nogueira. “É lamentável como o ser humano degrada ambientes como esse.”
A jornalista Nara Assunção, de 24 anos, já conhecia este tipo de ecossistema, mas nunca foi ao manguezal de São Vicente/Praia Grande, muito menos passeou de canoa. “Foi uma experiência que ultrapassou minhas expectativas”, resume. Ela acredita que o passeio torne os profissionais mais entusiasmados a alertar a população. “Ao mesmo tempo que fomos surpreendidos por revoadas de aves vermelhas, azuis e brancas, me entristeceu ver a sujeira acumulada no local. É o lixo humano mais uma vez interferindo em um dos ecossistemas mais ricos que temos”, desabafa Nara.
As impressões que se tem são muitas. Ao realizar as primeiras remadas na água, vem o desejo de que toda a população pudesse fazer aquele tipo de passeio. Depois, se tem a impressão de que a natureza é frágil e que é preciso cuidá-la, mas, em outros momentos, vê-se a grandeza imponente das paisagens e então percebe-se que é preciso respeitá-la.
Tudo é som e imagem. Água, animais e vegetação. Peixes arteiros surpreendem os desavisados, pulando aqui e ali, fazendo barulhos na água silenciosa. Mais próximo ao manguezal, um ronco chama atenção de alguns, que chegam a questionar o guia sobre um possível jacaré, mas são apenas roncos da terra, causados por ar que vai do fundo da água, atingindo a superfície, pelos buracos feitos pelos caranguejos.
As aves, por sua vez, se exibem. Juntas, as muitas asas vermelhíssimas, algumas azuis quase no tom de chumbo, e outras brancas atravessam o céu. Nessa altura, os visitantes descansam os remos e só observam.
Ao fim, entre muitas ideias, pensamentos, sentimentos, fica a imensa sensação de que valeu a pena o cansaço e as expectativas criadas até ali.

As pessoas estão mais conscientes quando o assunto é preservar o planeta?