05/03/2009

Onde o chuchu mais parece caviar!




Se seu filho toma banho de chuveiro e come chuchu, ele pode ser considerado rei em alguns municípios brasileiros. Após assistir a reportagem O Brasil dos excluídos, exibida pelo programa jornalístico Fantástico (Rede Globo), conseguimos perceber o tamanho da falta de percepção do cidadão quanto aos problemas sociais que assolam este "Brasil varonil". A matéria exibida no domingo passado, dia 1º, sobre as cidades que ocupam o pior Índice de Desenvolvimento Humano, o IDH, coloca o telespectador a frente do velho questionamento: Até onde vai o meu exercício de cidadão?
O IDH, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), avalia a qualidade de vida no mundo, considerando três fatores básicos: expectativa de vida, nível de educação e a renda da população. Fatores de níveis mínimos nas cidades de Jordão e Tarauacá (Acre), Manari (Pernambuco) e Traipu (Alagoas).
Enquanto aqui na região sudeste, lava-se quintais com mangueiras e joga-se comida fora, em Jordão, no estado do Acre, cerca de 6 mil pessoas não conhecem nem mesmo o leguminoso chuchu, tamanho o isolamento desta população. Isso porque dizem os mais antigos que chuchu, onde planta, dá! Pode-se dizer que, nesta cidade, chuchu para eles é como caviar para a classe média paulistana.
Cidades que não possuem água encanada nem para tomar banho, como na cidade de Traipu e de Manari, onde as crianças não conhecem chuveiro. Banho nestas cidades, somente de balde. Mas pergunta para os governantes destes municípios se a população é esquecida ou excluída da cobrança da taxa d’água?
Perante a estes fatos, cria-se a pergunta: Somos realmente cidadãos conscientes? E além da questão, há uma afirmação: não adianta falar sobre preservação ambiental se nem mesmo água este povo conhece. Se nem mesmo, aqui neste extremo brasileiro, que ainda (eu disse, ainda) temos este recurso natural, o usa-se de forma inconseqüente e abusiva. Do que adianta levantar a bandeira do “Eu tenho responsabilidade socioambiental!” se ao ir ao mercado, compra-se comida em excesso que irão acabar dentro da lata de lixo?! Por isso, a responsabilidade social e ambiental de cada cidadão inicia ao levantar da cama pela manhã, ao abrir a torneira da pia para escovar os dentes, ao comprar o essencial, ao ser consciente durante as eleições, ao doar roupas e outros utensílios que não se usam mais. Estes são alguns exercícios de um cidadão realmente consciente.

Carol Binato


Foto: Parque Serra do Mar, Rio Itutinga Pilões - Carol Binato

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As pessoas estão mais conscientes quando o assunto é preservar o planeta?