24/03/2009

Projeto BioPesca promove a integração entre a pesca e a conscientização em alto mar

by Carol Binato
Nas questões ambientais, profissionais da área e outros membros da sociedade defendem o lema de que, se cada cidadão fizesse a sua parte, o meio ambiente estaria em melhores condições. E foi carregando esta bandeira que nasceu a ONG Projeto BioPesca. A iniciativa de uma estudante de biologia, hoje mestre em ciência, trouxe aos pescadores de Praia Grande um novo olhar sobre a extinção de animais marinhos e levantou a importância da pesca artesanal para a comunidade.
Com o objetivo de monitorar a captura acidental de golfinhos e tartarugas marinhas e estudar a pesca artesanal, o Projeto BioPesca atua em Praia Grande desde 1998. “Tinha casa na Cidade e me tornei amigas dos pescadores porque coletava dados sobre pesca para o meu trabalho de conclusão de curso”, comentou Carolina Bertozzi, bióloga e fundadora do projeto.
“Tudo começou quando levei para a USP um golfinho encontrado pelos pescadores do Canto do Forte”, contou a bióloga. A espécie era a Toninha, um dos cetáceos mais ameaçados de extinção. “Ao chegar na universidade, um dos mestrandos ficou abismado porque era o primeiro registro de captura acidental de Toninha no Estado de São Paulo”, relembrou a bióloga. Em 2002, o projeto tornou-se a ONG Projeto BioPesca.
No âmbito da pesca, a ONG trabalha diariamente acompanhando o desembarque dos peixes, registrando as espécies desembarcadas e a quantidade de pescado e monitorando as capturas acidentais. A educação ambiental é realizada com atividades e exposições na Butique de Peixes instalada no bairro Canto do Forte.

CONSCIENTIZAÇÃO – As ações do Projeto BioPesca dentro da comunidade pesqueira de Praia Grande permitiu que os pescadores visualizassem melhor os problemas causados ao meio ambiente devido à falta de conscientização. “Quaisquer animais que eles capturam, que jamais trariam para a terra, hoje eles trazem. Antigamente, tinha comércio de casco de tartaruga, que é proibido. Hoje as espécies chegam inteiras para que possamos realizar as pesquisas” enfatizou a bióloga. “Então, esta mudança de comportamento de pescadores que têm 60 a 65 anos e que trabalham na pesca há 50, é gratificante”, comemorou Carolina.
A bióloga explica que os pescadores tornam-se interlocutores do projeto, transmitindo aos demais a importância de conservar e preservar o meio ambiente. “Eles acabam multiplicando o conhecimento com o pessoal que vem comprar o pescado. Os pescadores se sentem parte do projeto e eles são o projeto. E isso é o legal.”
As palavras de Jorge Damião Martins Coelho, que há 16 anos vive da pesca em Praia Grande, confirma a atuação positiva do BioPesca. “Com os dados que a Carol recolheu conseguimos ver que realmente está acabando os peixes. Há 15 anos armava 400 metros de rede e pegava cerca de 200 quilos de sororoca por dia. Hoje, saímos com 1500 metros de rede para pegar de 20 a 30 quilos”, relembrou o pescador.Para ele, a ONG apóia não somente na conscientização da importância em preservar, mas também como conhecer melhor seu próprio trabalho. “Com os dados que a Carol recolhe temos o balanço do que fizemos durante todos estes anos, mostrando que damos duro por este mar a fora.”




Fotos - Jornal Gazeta do Litoral /Richard Aldrin

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As pessoas estão mais conscientes quando o assunto é preservar o planeta?